Um tempo

Eu queria um tempo pra voltar no tempo.

Passar uma daquelas tardes que estão longe agora.

Olhar, mais uma vez pra árvore no meio do mato,

e pras amoras que caíam dela.

Olhar, mais uma vez, pra ele,

de camisa amarela.

E quem sabe,

Sentar-me no banco de madeira debaixo da mangueira.

Apreciar a sombra, tão fresca e necessária.

Sentir, mais uma vez, o cheiro da Natureza.

Sentir o azul do céu e o peso do Sol.

Esperar pela chuva de verão no final da tarde.

Quem nunca vive uma vida hoje,

Sem esquecer jamais

daquela que se viveu um dia?

Quem nunca se lembra de alguém?

De alguém que viveu num passado distante...

Mas a lembrança pesa,

Quando o passado ronda o presente

E compromete o futuro.

E como remédio,

Vive-se querendo, eternamente,

Que alguém invente uma máquina do tempo.